domingo, 22 de julho de 2012

A dor escondida sob os vícios

Chego para trabalhar no aconselhamento de rapazes que eram dependentes químicos e estavam nas ruas da cidade do Rio de Janeiro.

Conheço um jovem com aproximadamente 25 anos, com uma postura segura, uma comunicação clara e objetiva. Está há dez meses afastado do consumo de qualquer tipo de vício, vivendo em uma comunidade terapêutica, colaborando nas tarefas diárias com satisfação. Ele é um egresso do sistema prisional, cuja ressocialização não foi possível na período da concessão de liberdade. Tem uma filha adolescente a quem ama muito, principalmente por ela, vem buscando ter uma vida digna. A história marcante desse jovem começa na infância, aos 6 anos, quando foi ameaçado de uma surra "ao ponto de matá-lo". Desde criança ele vive alguns meses nas ruas. Ele foi para o abrigo, recebeu o benefício de pais sociais que considera terem sido muito bons, estudou até a conclusão do ensino médio, recebeu formação profissionalizante, mas nada disso foi suficiente para preencher a dor na alma de ter se afastado da mãe e dos irmãos, deixando nele uma postura de defesa com relação a emoção. Ele quer poder amar e ser amado, viver de maneira civilizada e digna. Ele tem lutado por isso!

Sou apresentada ao outro jovem, com aproximadamente 30 anos, oriundo de outro estado, encontrado nas ruas do Rio de Janeiro, prostituindo-se e usando drogas. Ele toma a descisão de novamente se internar em uma comunidade terapêutica, dessa vez sem custo para a família que havia investido nos tratamentos anteriores. Ele luta diariamente contra os sentimentos de rejeição, abandono, preconceito e injustiça dos quais vem sendo alvo há mais de dez anos tanto pela família, como pela sociedade. Ele também esteve preso algumas vezes por alguns dias em cada período. O milagre que ele espera e alega já estar sendo alvo é o de livrar-se da prostituição e do uso de drogas. Sua fé no Senhor Jesus Cristo é maravilhosa!

A força da juventude e a necessidade do idoso no ambiente hospitalar

R. e J. estavam juntos na enfermaria que oferece privacidade razoável.

R. tem 36 anos, uma esposa grávida de 3 meses do quarto filho. Ele trabalha como segurança patrimonial, orgulha-se do que faz e da família que tem formado. Sua vida seguia tranquila até surgir um pequeno ferimento no pé. Esse ferimento não traria nenhuma consequência mais grave não fosse uma doença congênita que prejudica-lhe a circulação das extremidades dos membros inferiores. O pequeno machucado evoluiu rapidamente ao ponto de exigir a amputação dos dedos atingidos, porém o que mais afligia essa pessoa eram as dores incessantes e fortíssimas. Ele não dormia, comia pouco. Permaneceu dois meses internado. Fé e esperança o sustentaram. Ele rogava por uma solução que não era fácil de ser tomada pela equipe médica: a amputação poderia ser parcial (dedos) ou de todo o pé. Ele clamava ao Senhor Jesus por um milagre que o livresse das dores e permitisse que ele voltesse para casa. O seu clamor foi atendido, tendo sido realizada a amputação parcial, preservando portanto o calcanhar para apoio.

J. tem 65 anos. Sofreu um enfarto e foi operado. A operação foi bem sucedida, mas J. entrou em depressão. Não conseguia andar, por essa razão não pode ter alta. Sua família visitava-o diariamente. Cuidando, amando e consolando, porém a esperança de J. estava enfraquecida. Ele clamava por sua recuperação, pedindo ao Senhor uma restauração completa. 

No relacionamento construído entre R. e J. nasceu uma forte relação de solidariedade e generosidade. R. estimulava J. a andar e esse consolava R. nas madrugadas quando a dor parece ser mais intensa.

Pessoas como R. e J. internadas em instituições de saúde aguardam por nossas orações e visitas para ouvi-los e confortá-los.